sexta-feira, 26 de junho de 2009

Medidas

Quando sabemos que estamos muito tempo no ócio, quando na verdade deveriamos estar trabalhando?

Por vezes o "saco cheio" é o maior indicador de que o ócio é a melhor escolha para aquele dia. Mas muitas vezes há também a falta do que fazer. "Quem não tem o que fazer, inventa", já dizia minha velha avó. Mas nem sempre há o que se inventar, ainda mais numa sexta-feira em que se descobre que o próximo pagamento só virá na terça e incompleto.

E ter internet ao alcance o tempo todo não ajuda, eu chamaria a internet de "cabeça vazia". E cabeça vazia é "casa do cão", diria de bate e pronto minha já citada vozinha. Pra quem, como eu, não consegue fugir do circuito Uol, Globo, Terra, Ig... (permeados por outros sites e blogs de gosto pessoal), indico um blog interessante para matar o tempo, é só clicar no nome: La Dolce Vita. É um blog sobre a cultura pop, bem humorado e cheio de coisas que fazem brilhar os olhos de saudade da infância. Um achado.

Outra boa pedida é criar um blog, assim, quando não tiver muito o que fazer pode-se dedicar a escrever, praticar é sempre bom. Ah, o ócio de novo.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Quando não dá mais!


(Foto: frame de "Mulheres à beira de um ataque de nervos, P. Almodóvar)

Planilhas, metas, cotas, emails, reuniões, eventos, clientes, prazos, autopromoção, chefe, competição, desafios, superação, crise global, redução de custos, planejamento da carreia, viagens, transito, MBA, filhos, super mercado, marido, sogra, ginecologista, dermatologista, empregada, dentista das crianças, jantar de aniversário de casamento, maquina de lavar quebrada. Cansou?

Gabriela* 35, gerente de vendas, casada há oito anos, mãe de gêmeos de seis anos cansou. Aliás, estressou completamente. “Já havia um tempo que eu estava me sentindo esgotada, estressada, mas não podia parar, isso parecia desistir e a sensação de fracasso eminente me deixava frustrada, fui ao limite e não suportei”.

Hoje, nove dos 12kg perdidos já foram recuperados, alguns dos remédios eliminados e o assunto já é abordado sem lágrimas. Um ano atrás após voltar de um almoço conturbado com clientes Gabriela entrou em sua sala, abriu a agenda para verificar as tarefas da tarde, tinha que passar no mercado, ir ao dermatologista, ligar para o conserto da maquina de lavar e jantar com o marido. “Já estava esgotada por conta do almoço que foi tenso, verifiquei uma agenda lotada e para explodir de vez meu chefe ligou no meu ramal e gritou comigo, não suportei, tive um surto, perdi a razão completamente, joguei tudo no chão, sai pelo corredor me batendo nas paredes, chorando, gritando não dá mais!”

Como não lembrar das mulheres histéricas dos filmes de Pedro Almodóvar? Levada ao hospital Gabriela teve diagnosticado um estado de estresse avançado e ficaria ao menos três dias em observação sob o efeito de calmantes. “Não tive condições de pensar sobre o que estava acontecendo naqueles dias, só depois quando sai do hospital e fui levada para uma fazenda de amigos foi que me dei conta do que estava acontecendo. Fiquei lá por duas semanas. Minha irmã veio do Rio para cuidar das crianças, meu marido pegou licença no trabalho e uma babá foi contratada. De um dia para o outro toda a minha vida estava de cabeça para baixo”.

Gabriela prefere não dizer o nome da empresa onde trabalha, mas revela: “Só tive coragem de perguntar ao meu marido como se resolveria as questões do trabalho três semanas depois do ataque, antes disso ninguém me falou nada. Foi quando descobri que não seria demitida quando voltasse, que meu marido estava cuidando dos documentos por procuração, que a empresa tinha colocado ao meu dispor um psicólogo, que tinha ganhado uma viagem para onde eu quisesse, que minha sala seria reformada e que eu poderia fazer um bom acordo caso desejasse não trabalhar mais lá”.

Não trabalhar em nenhum outro lugar no próximo ano foi a escolha de Gabriela. Um bom acordo foi feito, e a viagem prometida mantida. “Fui me recuperando, restabeleci minha rotina na medida do possível. Não trabalhar mais ao menos naquele momento era algo muito certo. Queria mais tempo para mim e as crianças, meu marido e minha casa. Fui fazer pintura, fotografia e teatro. Passei a pedalar também e as vezes faço algum trabalho voluntário. Conheci pessoas maravilhosas fora do meu circulo de trabalho, bem diferentes, hoje me sinto outra mulher, fui ao fundo do posso, foi uma grande lição. As vezes é preciso saber parar, recomeçar antes que tudo desabe”.

Gabriela recebeu alta médica recentemente, já não toma mais remédios, se sente preparada para voltar ao mercado, antes, porém vai fazer a viagem prometida, “Eu e meu marido vamos fazer todo o sul da França, sul da Itália e ilhas gregas, embarcamos em poucos dias, quando voltar serei definitivamente uma outra mulher”.

*A entrevistada exigiu anonimato, Gabriela é um nome fictício.

Operária

(Guga Melgar - Divulgação)

Com ingressos esgotados para toda a temporada antes mesmo da estréia, a atriz Fernanda Montenegro, 79 apresenta à São Paulo Simone de Beauvoir no espetáculo “Viver Sem Tempos Mortos”. (direção: Felipe Hirsch, Sesc Consolação até 28/06).

A atriz que comemora 60 anos de carreira incorpora a filósofa e escritora parisiense, ícone do feminismo e parceira de outro célebre filósofo, o existencialista Jean – Paul Sartre.

Com uma camisa social branca e uma calça preta, a atriz senta-se numa cadeira igualmente preta, e permanece lá durante toda a apresentação sob um persistente foco de luz, e assim, reascende o debate em torno do movimento feminista e a condição da mulher hoje.

À imprensa paulistana quando questionada sobre as mulheres no poder Fernanda Montenegro declarou: “É interessante não quando a mulher vem para o poder no velho esquema, de substituir o homem no seu temperamento de agir. A gente está esperando que as mulheres que chegarem ao poder tenham pelo menos o sentimento do feminino à frente de qualquer outra coisa, e não que sejam imitações acentuadas, mais contundentes do homem.”

Para comemorar os 60 anos daquela que é considerada a maior obra de Simone de Beauvoir e referência capital do feminismo a editora Nova Fronteira prepara a reedição de “O Segundo Sexo” (tradução de Sérgio Milliet, R$ 109,90, 936 págs.).

Muito se fala hoje em pós-feminismo, em conquistas femininas consolidadas, espaços sociais e profissionais ganhos. A questão é, não fosse a obra monumental de Beauvoir que influenciou toda uma geração e repensou por completo a condição feminina hoje não se falaria me em super executivas, ministras, mulheres na presidência.

Para quem procura compreender a super mulher atual, fica aqui o exemplo de Fernanda Montenegro que encara um monólogo de 60 minutos aos 79 anos com vitalidade de uma jovem de 20, e o pensamento atualíssimo daquela que viveu plenamente o sentido da palavra feminino.

Sair do armário?













(Foto: Fernando Barbosa / Hoje em dia / AE)


Junho é mês de festa junina, tempo de vestir chitas e remendos coloridos, brincar de ciranda, pular a fogueira, comer guloseimas nas quermesses, assistir ao casamento dos noivos caipiras e beijar a moça bonita na ‘barraca do beijo’. Para muitos também é tempo de beijar sem medo, em junho também acontece a já tradicional Parada Gay de São Paulo, a maior do mundo.

Ao menos nesta época do ano, ao menos na região da Av. Paulista é possível observar casais gays circulando sem medo de sofrer ações preconceituosas ou violentas. A festa agita a cidade, trás muito dinheiro ao comércio, inclusive o de luxo, lota os hotéis, triplica o faturamento de bares, boates e restaurantes. Um clima de alegria, respeito e tolerância transforma aquela região da cidade.

Em 2004 o governo federal implementou o programa “Brasil sem Homofobia”. Recentemente a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República lançou o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). ONGs há anos lutam por direitos e respeito para essa parcela da população que não é tão minoria assim.

Mas nem tudo são cores. Por baixo da gigantesca bandeira do arco-íris há muito preconceito para ser enfrentado. O ambiente de trabalho é o local, infelizmente onde esse preconceito se revela mais cruel. Quem nunca ouviu piadinhas ou especulações sobre a orientação sexual de um colega de trabalho que atire primeira pedra.

É cada vez maior a freqüência com que se lê noticias sobre a implantação de programas de ação afirmativa em defesa dos homossexuais em empresas. A justiça trabalhista está cada vez mais atenta ao assunto, a mídia tem procurado tratar o tema com a mínima seriedade exigida.

Pensando sobre o assunto “Incomodo Profissional” lançou as enquetes:

"As empresas estão trabalhando para coibir e punir a homofobia no ambiente de trabalho?"

"Você já presenciou manifestação homofóbica no trabalho?"

"Assumir-se gay (“Sair do Armário”) pode acabar com a carreira profissional?"

Participe e responda nossas perguntas!

Plantão Médico

“Posso falar com você, mas logo terei que desligar já está quase na hora de aplicar uma injeção numa vizinha”. É assim que Ivonete Silvina, 59 inicia a conversa. Bem humorada completa: “Você terá que ser rápida nas anotações porque eu falo muito” Gargalhada.

Dona Ivone ou Net como é conhecida, aposentada por invalidez (por conta da osteoporose), catequista voluntária aos domingos, mãe e esposa em tempo integral, enfermeira 24h. “Comecei a trabalhar com 9 anos de idade, como auxiliar de parteira no interior de Pernambuco. Fiz muita coisa na vida, mas a enfermagem é a minha grande paixão, adoro acompanhar a recuperação de um paciente”.

Enérgica, sempre com uma ocupação Dona Ivone é conhecida como a Enfermeira Voluntária Oficial do Jardim Santa Lúcia, periferia de São Paulo. “Aqui todo mundo me conhece, sabe que eu gosto de cuidar das pessoas e faço isso com muito amor, a campanhinha e o telefone tocam o dia inteiro, já fiz até curativo em ferimento de bandido, pra mim não tem diferença é um filho de Deus como qualquer outro”.

Quando se casou em 1979, dona Ivone trabalhava como enfermeira nos hospitais Nove de Julho e Santa Paula em São Paulo, foi quando teve que fazer uma difícil escolha: “Fui convidada por um doutor muito importante do hospital (prefere não revelar o nome) para trabalhar com ele nos E.U.A, iria estudar, aprender outra língua, ter uma carreira, mas tinha me casado recentemente, também tive medo de deixar minha mãe aqui sozinha então recusei o convite. Quando veio a gravidez do primeiro filho em 1980 pedi demissão e nunca mais entrei num centro cirúrgico”.

Trinta anos depois, quando a carreira e o trabalho são apontados como prioridade absoluta pela maioria da população mundial uma escolha como essa é raríssima, para alguns pode parecer até absurda. Para uma feminista então, uma verdadeira agressão à mulher. Para dona Ivone foi só uma escolha. “Naquele tempo não se tinha essa liberdade toda, essa ideia de mulher independente, até tinha, mas isso era coisa para as letradas, nós mulheres pobres éramos educadas para ser esposa e mãe. Lembra da Malu Mulher? A Regina Duarte até apanhou na rua porque fazia uma mulher desquitada na TV, era um escândalo”.

Arrependimento? “não! tenho um marido que sempre me respeitou e meus três filhos são honestos, todos trabalhadores e estão aí na luta buscando o melhor. Vivo também por eles, mas divido meu tempo com os irmãos. Porque somos todos humanos não é? Por isso me dedico tanto quando cuido dos meus vizinhos do bairro, As vezes me chamam no portão para ajudar alguém, quando estou sentido muito dor nos braços, dor de velha sabe? (risos) penso em não ir, mas logo levanto, não se pode fugir de um dom doado por Deus, quando faço um curativo ou verifico a pressão de alguém estou reafirmando o dom que Deus me deu, não se pode fugir de um dom doado por Deus”.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Amá-lo, o trabalho

Geisa Cruvinel

Rita tem 52 anos e trabalha a 28 como auxiliar de serviços gerais, especificamente com limpeza. “Quando era mais nova queria estudar e ser outra coisa, mas não sabia o que”, conta. Mas porque não seguiu essa idéia, não foi atrás? “A gente se acostuma com tudo, com coisa boa e ruim. Mas eu também me deixei levar por outras coisas...”. Que outras coisas? “Por amor”.

15 anos atrás, quando entrou na empresa em que está até hoje, conheceu o amor. Não pelo trabalho, inicialmente, mas pelo patrão. “Ele sempre foi galinha, já entrei lá sabendo, me avisaram. Mas num teve jeito, gamei!”, diverte-se contando. Mas mesmo com as constantes brincadeiras que Rita faz sobre o comportamento “galinha” do seu amante e patrão, e sobre essa situação, ela não consegue tirar o peso que carrega em seu olhar amargurado.

“São 15 anos vivendo assim meu filho, não tem mais como mudar agora, já acostumei a ter que dividir ele. Mas só divido com a esposa!”. Como assim? Ele tem uma esposa? “Mas num tô te falando... se não eu tava casada com ele, mas eu também sou casada, então... Só por ele eu separava!”. E você não tem medo de alguém na empresa descobrir e você perder o emprego? “Por isso? Tanta gente fazendo coisa bem pior, se eu for mandada embora por isso, mandam o prédio todo! E também eu faço o serviço bem feito, dou de 10 em muita menina de 20 e pouco”. De que serviço você está falando? “Dos dois!”.

A carga horária de Rita é de seis horas diárias, mas ela entra às 7h da manhã e só sai às 15h. “Tenho muito serviço, e faço tudo tranquila, já passei da fase de ficar correndo pra lá e pra cá que nem louca, agora faço bem feito, mas no meu tempo”. Mas você fica todo dia duas horas a mais? “É que uma hora é pra eu me arrumar na saída, e a outra hora que fico a mais é pra vigiar o almoço dele. Tenho medo dele ir atrás dessas novinhas e me deixar pra trás”. Mas você não confia no seu taco? “Claro que confio, em mim, só não confio nele!”.

“As coisas viram rotina e com o tempo você nem percebe mais que elas te incomodam. Acho que você começa até a gostar delas, porque eu não trocaria de serviço hoje, nem tenho vontade de ser outra coisa como antes. Passei a amar o que eu faço, ou então acostumei, por amor”.

Só quem já amou ou ama compreenderá esse post.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Planejador Instrucional

O planejador instrucional é um profissional novo no mercado, porém sua raiz vem de métodos bem conhecidos da educação. Quando se pensa no ensino à distância, lembramos logo dos cursos de línguas, pequenos reparos e telecursos que podemos ver pela tv ou adquirir nas bancas de jornal. Mas o Planejador Instrucional vai pesquisar o conteúdo e traduzi-lo para um aprendizado "autodidata" através de treinamento on-line. Ele vai pensar na diagramação do curso e na navegação do usuário do programa sem deixá-lo cansado ou desatento.

Essa profissão está em evidência, já que muitas empresas usam o método de ensino on-line para treinar ou reciclar seus funcionários de uma maneira muito eficaz. E o curso on-line também proporciona flexibilidade de horários do usuário, custo mais baixo de produção, redução de tempo de aula e formação de um número muito maior de pessoas ao mesmo tempo. Pense em faculdades on-line! A faculdade não precisa ter uma sala de aula sequer. Terá apenas os e-learnings dos conteúdos disponíveis na internet para ensinar milhares de alunos.

Não há graduação específica para se tornar profissional na área, mas é desejável que os interessados tenham cursado Pedagogia, Engenharia ou Análise de Sistemas. Em empresas de e-learning estes profissionais serão treinados para se tornar planejador instrucional com salário que chega até 4 mil reais mensais.

Quadros

Estão sendo publicadas no jornal Folha de S. Paulo algumas tirinhas que tem tudo a ver com o conteúdo desse blog, então, as reproduzo abaixo. São todas do Adão Iturrusgarai, dentro da série “Mundo Monstro”.














Autopromoção

Utilizo esse espaço para divulgar o espetáculo do qual faço parte, “Solidão Também Acompanha”, que estréia no próximo domingo, 24/05. Inicialmente as apresentações irão até o fim de junho, todos os domingos, às 21h, no Espaço dos Satyros I, que fica na Praça Franklin Roosevelt, 214. O ingresso é 20 reais inteira e 10 estudante. Confiram!

Antes de ouvir as críticas sobre essa autopromoção, já rebato que ela também tem muito da proposta do blog. Exerço aqui minha busca por algo que me satisfaça profissionalmente e pessoalmente, e não só uma forma de lazer ou passatempo. Busco na arte mais que sustento financeiro, estou atrás do meu sustento de idéias, desejos e sonhos.

Lágrimas, sorrisos e abraços verdadeiramente emocionados serão o meu pagamento, e se os conseguir naturalmente, não sem esforço ou dedicação, estarei satisfeito. Paralelamente, mantenho minha ocupação diária de funcionário da prefeitura da cidade de São Paulo, na área da educação. Necessidades. Sonhos. Vida.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Aulas no Boteco

A história nos mostra como o ser humano é complexo, confuso e insatisfeito. Qualidades que não fogem do comportamento natural, mas que impedem passos evolutivos maiores e que traga, consequentemente, maior qualidade de vida. Acredito que não evoluímos o suficiente − se é que evoluiremos nessa direção − para alcançar um estado elevado que nos permita sorrir e dizer, com convicção e verdade absoluta, que tudo na nossa vida está bem.

Resta então buscar uma forma de vida mais adequada a cada um. Uns estacam, receosos das pedras inevitáveis do caminho, e optam pelo conforto de não fazer nada. Outros produzem, criam, sonham e sofrem. Fato.

Fábio Jesus, estudante de História na USP, se propôs ao verbo. Seu primeiro emprego, aos 18 anos, foi em uma livraria sebo, “tinha um senhor muito velhinho que me escravizava. A minha paixão por leitura com certeza não veio dali. Depois fui trabalhar em uma padaria, gostei muito, algumas das minhas primeiras experiências interessantes aconteceram nessa época. Logo em seguida trabalhei como office-boy em um escritório imobiliário, um lixo de emprego. Odiei tudo ali! Depois conheci o senhor Antônio, um ser humano, sem dúvida, iluminado! Ensinou-me mais que uma profissão. Ensinou-me que na vida a gente precisa, acima de tudo, de generosidade! Eu atuei com ele, no ramo de eletricidade, por cerca de 15 anos! Sou quase técnico eletricista; digo quase porque fui expulso do colégio em que comecei a estudar isso”.

Depois das primeiras experiências, que ele define como imprescindíveis à sua formação pessoal, Jesus atua agora na área financeira. “Isso me dá certa estabilidade pra construir a minha carreira acadêmica nos moldes que eu planejei. Bom, mas essa situação não vai durar muito tempo, porque me incomoda muito o trabalho que faço, onde tudo gira em termos de competitividade e desempenho formidável; onde não há espaço para a humanidade”.

Mas Jesus tem tempo. Hoje, com 18 anos, atua como Educador em humanidades. “Estou tentando ser professor. Pois é, riam se quiserem. Acho até justo que riam mesmo. Porque parece piada. Penso que professor é um termo por demais desgastado. Não que seja errado, muito menos que seja inadequado ou que não possa ser usado. Acontece que essa palavra - professor - não transmite a impressão que tenho sobre esse ofício. Recentemente tive contato com pessoas que pensam a educação e, ao mesmo tempo, tive contato com o termo educador. A minha afinidade com as idéias desses caras foi tamanha que a identificação com o termo foi imediata”.

Educar, algo tão difícil num país como o nosso, em que as desigualdades parecem incomodar mais nos gráficos que no dia-a-dia, é a árdua e saborosa escolha de Jesus. Para ir se acostumando ao novo ofício, ele ministra aulas preparatórias para o vestibular em uma comunidade carente da zona sul de São Paulo.

Em sua primeira turma, ele começa a vivenciar as relações estudante-educador. “Educação aqui tem um sentido não muito usual. Algo como troca, ou seja, você ensina aprendendo e vice-versa. Ao mesmo tempo em que tentamos dividir o conhecimento, em princípio, acadêmico, recebemos a experiência de vida dos estudantes como forma de pagamento. Porém, a pouca experiência que tenho no assunto tem me mostrado algo um tanto diferente disso. Sinto que aprendo muito mais do que ensino; é gritante a diferença e injusto dizer que os "mestres" são generosos. O que sinto - e talvez o fato de estar a pouquíssimo tempo nisso influa nesse meu pensamento - é que pensar o processo de ensino me faz ver mais e melhor quem eu sou e o que eu penso do mundo e das coisas”.

Experiência. Não no sentido de adquirir vivência em determinada situação ao longo do tempo, mas buscar em novas situações, a formulação da base que sustentará e agregará uma bagagem sólida à sua formação. Essa me parece ser a busca constante de Fábio. A busca de um maduro adolescente, de eternos 18 anos. “Tenho 18 anos, sempre tive 18 anos e sempre terei 18 anos, e não tentem me desmentir!”

Iniciar

“Ser educador justifica a minha existência”. A expressão, inspirada em Van Gogh, define bem a intensidade com que Fábio Jesus leva sua vida. “Não concebo a minha vida sem esse grau de paixão e envolvimento com o que faço! Acho que isso é ser professor. O que não torna o intento à profissão menos risível, apenas explica a minha escolha! Clarice Lispector costumava dizer que ela só existia quando estava escrevendo. Acho que tenho um pouco disso. Tem dias que estou tão triste e deprimido, tão decepcionado com o mundo e comigo mesmo que nada faz sentido ou tem importância. Quando estou preparando a aula ou estou no tablado, nenhum desses pensamentos me vem a mente; pra mim lá tudo faz sentido! Não digo que seja o meu único projeto de vida, mas sem dúvida é um dos mais importantes”.

A afinidade de Jesus com a área de humanas é clara pra ele há muito tempo, “o ser humano é o que mais me motiva - embora seja também repugnante por vezes, o que parece contraditório, mas não é! -; e se eu não puder trabalhar com pessoas, se eu não puder fazer do meu ofício o meu sustento, tudo em que acredito é pura retórica, e nada faria sentido! Portanto estou me equipando das ferramentas necessárias ao bom desempenho do meu oficio. Estou em fase de transição.”


Nesse movimento constante de iniciar, Jesus pensa nos momentos mais íntimos e pessoais como ideais para aprender. “Costumo dizer que as melhores aulas que tive foram no boteco. Não digo isso pra falar que gosto de cerveja que, aliás, é indispensável também, mas pra ressaltar a leveza e a soltura com que os assuntos vão sendo abordados. Nem digo que escolhemos os assuntos tratados no boteco, mas eles simplesmente acontecem. Isso nos inspira tanto a ouvir o que os outros têm a nos dizer assim como instiga muito a contar a nossa própria história e experiência de vida. Ensina-se e aprende-se tanto em um boteco que eu arriscaria dizer que a sala de aula deveria ser um grande boteco!”.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Mundo pós-moderno e suas profissões

Após os avanços tecnológicos muitas profissões estão marcadas para deixar de existir. Há quem acredite que em breve não teremos mais cobrador de ônibus, carteiro, ascensorista, corretor de imóveis, pois suas funções serão realizadas por máquinas auto-suficientes. Se alguém quer comprar uma casa, irá pesquisar um imóvel pela internet e poderá visualizar o local com imagens 3D. Quando for abastecer o seu automóvel, basta usar o auto-atendimento do posto de combustíveis (muito comum na Europa). As profissões que serão automatizadas estão classificadas como intermediárias de serviço e por isso são mais vulneráveis à substituição.

Ok, entendemos que a tecnologia irá descartar algumas profissões, mas o que ela trará de novo para o mercado de trabalho? De acordo com Fábio Cenati, diretor corporativo de Recursos Humanos da Alstom do Brasil, o profissional terá seu trabalho facilitado e poderá desfrutar de maior tempo de lazer. "A tendência é ter mais tempo livre para o lazer, por isso acredito que o segmento de Turismo cresça bastante". Outra indicação que a área de atuação voltada para o lazer conquista mais espaço é de que o Mc Donald's está empregando mais que a Volkswagen. (O Mc Donald's é considerado como parte das empresas de atividade de lazer)

O setor - que também irá crescer bastante - está ligado as entidades que possuem cuidados profissionais para a terceira idade. A população de idosos está crescendo a cada ano e eles podem consumir mais em lazer e também precisam de cuidados específicos que garantam a vivência com qualidade.

Aliás, qualidade de vida é o que importará mais ao trabalhador no século XXI, pois a satisfação no trabalho é o que levará ao sucesso. Logo, a carreira será escolhida pelo prazer que ela proporciona e não apenas pelo dinheiro. A especialização, a reciclagem de conhecimento e possuir diversas formações são outros fatores que serão muito importantes na escolha dos candidatos aos empregos. Para Fábio, MBA e pós-graduação não será mais tão relevantes. "Não que eu seja contra à realização destes cursos, mas é que daqui a algum tempo, eles não serão mais considerados como um diferencial no currículo do candidato, se tornando comuns." Nota-se então que quem estiver preparado e com estusiasmos para exercer sua profissão se destacará e terá mais oportunidades de crescimento no mercado de trabalho.

Em breve falaremos sobre as novas profissões que já surgiram neste cenário.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Leitura de Canto

Adriano Roberto Villa dos Santos, 35 anos, natural de São Paulo, faz parte dos ciclos profissionais de criação mais atuais do mercado, os profissionais que criam arte para internet. Designer gráfico, ele cria e desenvolve peças promocionais para Home Vídeo, porém, quando criança sonhava em ser cantor, ator ou músico, e não fugiu muito da arte e da criação, quesitos importantes para sua profissão.

Com nove romances e sete livros de poesia escritos, dentre eles Além dos Portões e O Semeador,
Villa iniciou o processo de escrita ainda na adolescência, quando escutava músicas internacionais, mas não sabia o significado. Ele escrevia seus textos com base no ritmo das músicas, iniciando assim um processo de criação poética. Anos depois, surgiram os romances, depois os contos e os CDs conceituais, como exemplo do CD Hamlet de Shakespeare e depois o House of Bones que foi baseado em seu segundo romance escrito A Casa de Ossos e interpretado pelo Versover.

Com sua paixão pela literatura, Adriano supera a grande dificuldade de publicar seus livros. “As grandes editoras hoje em dia não costumam apostar suas fichas em autores desconhecidos, elas preferem dar passagem para autores já conhecidos, pois livro também é negócio, e não abrimos uma empresa pensando nos possíveis naufrágios de escritores”.

A realidade cultural do país é um incômodo para o artista, afinal, paixão profissional não enche barriga. Mas Adriano não se deixa abater, ele continua escrevendo, mesmo sem uma clara oportunidade de lançar um livro no mercado. “Sinto prazer em criar uma história. Isso não deixa de ser um novo mundo, com pessoas criadas na mente do autor. Mundos que infelizmente acabam sendo jogados e abandonados em algum canto”.






terça-feira, 5 de maio de 2009

Profissões curiosas

Neurolinguísta

O neurolinguista é o profissional que estuda a relação entre o cérebro e a linguagem. Como o cérebro processa a cognição? Afinal, as pessoas podem interpretar a mesma frase de formas diferentes. Veja abaixo:

Eu não disse que ele roubou o livro.
Eu não disse que ele roubou o livro.
Eu não disse que ele roubou o livro.
Eu não disse que ele roubou o livro.
Eu não disse que ele roubou o livro.
Eu não disse que ele roubou o livro.
Eu não disse que ele roubou o livro.

A frase é a mesma, mas a entonação em cada palavra muda totalmente o seu sentido.

E o que leva a pessoa a entender a frase de tantos modos? A Neurolinguística acredita que o comportamento humano é dependente do pensar e das emoções da pessoa. E por isso ensina a programar os pensamentos e sentimentos do indivíduo para que ele possa alcançar seus objetivos, curar uma fobia, ter motivação, facilitar aprendizagem e facilitar o relacionamento com o próximo.

A técnica mais simples utilizada na neurolinguística é o ato de planejar os seus objetivos daqui um, cinco e dez anos, anotando as metas em um papel. A partir do momento em que você tem uma programação e o compromisso representado no papel, você começará a traçar o caminho para chegar no resultado de uma forma mais motivada do que se tivesse deixado os pensamentos soltos na mente. Quando se tem os objetivos claramente definidos é mais fácil alcançar o sucesso.

O profissional neurolinguista também ensina a lidar com os 4 tipos de pessoas existentes e seus canais de comunicação. Após responder um questionário específico, você é definido como: analítico, empreendedor, expressivo e afável. E essa informação é cruzada com o canal de comunicação: pessoa visual, pessoa audita ou cinestésica. Esse tipo de informação é muito divulgada em palestras no setor empresarial. Assim os líderes aprendem a lidar com seus subordinados e "explora" melhor a capacidade de cada um de acordo com suas peculiaridades.

Sabe aquele aluno que não tem caderno, não anota nada e ainda tira nota satisfatória na prova? O neurolinguista explica que esse tipo de pessoa é classificada como "auditiva". Apenas prestando atenção no que é dito, ela processa essa informação e não sente necessidade de estudar. Esse tipo de pessoa tem facilidade de gravar nomes. Já a pessoa visual grava bem a fisionomia da pessoa, mas nunca lembra o nome dela. E o cinestésico tem a necessidade incontrolável de sentir, tocar e provar. Logo, ele só aprende praticando. E, por assim, vai.


Interessou-se pela profissão de neurolinguista ou pelo tratamento? Acesse o site da Associação Brasileira de Programação Neurolinguística.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Imagem não é nada?

Gráfico Incômodo










Com um total de 15 votos, o resultado da nossa segunda enquete ("O que você quer ver no Blog?") revela que a utilização de imagens para ilustrar os textos é o artigo imprescindível à qualidade desse blog, segundo 46% dos nossos leitores. A busca por especialistas que enriqueçam os textos é o segundo item com mais indicações, 4, e representa 27% do total. Na sequência, encontramos os que acham que o blog está bom do jeito que está, 20%, e ainda um leitor que anseia por mais enquetes.

Acima de tudo, essa pesquisa serviu para nos mostrar quais as melhores maneiras de atrair leitores para os textos e também sobre como tornar o blog mais agradável, para quem já acompanha e também para os novos visitantes.

Outra mudança foi a cor do fundo do blog, antes cinza e agora branca, para facilitar a leitura, que só aconteceu por sugestão em off de alguns leitores. E é essa a nossa idéia: melhorar o blog com a participação dos leitores, sempre. Esse é um espaço jornalístico aberto a críticas e comentários, então, não deixe de participar!

Atendendo aos votantes da enquete, aqui vai uma leva de fotos (sem procedência) recebidas numa dessas correntes de e-mail, que vieram sob o questionamento: “Você está insatisfeito com seu trabalho?”

Veja:












Brincadeiras à parte, esperamos que esse espaço sirva não apenas como treino de escrita e troca de informações, mas como espaço de reflexão e mudança.
Obrigado.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Muito mais que um InCômodo Profissional...

O nosso ambiente de trabalho é onde passamos a maior parte do nosso dia, na maioria das carreiras o profissional passa em média 40hs por semana em seu emprego. Para que essa horas sejam aproveitadas da melhor forma possível é preciso que haja o mínimo de conforto na jornada de trabalho, em seu texto do dia 23/04 o nosso colaborador Felipe Vieira comentou os benefícios que a prática da Yoga trouxe a rotina de algumas empresas. Mas, se você trabalha em um local que esta distante dessa realidade, e sua jornada de trabalho tem sido um pesadelo por conta de condutas abusivas advindas de seus superiores, saiba que você pode estar sendo vítima de Assédio Moral.

O site http://www.assediomoral.org/ traz uma definição bastante clara sobre o que realmente é assédio moral: “É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego”.

O assédio moral atinge diretamente a dignidade humana, o profissional humilhado ou constrangido passa a vivenciar depressão, angústia, distúrbios do sono, conflitos internos e sentimentos confusos que reafirmam o sentimento de fracasso e inutilidade. Algumas ações que denotam assédio moral:

- sobrecarregar o funcionário de trabalho

- ameaças de demissão e/ou rebaixamento

- submeter a situações vexatórias

- fazer brincadeiras discriminatórias

- questionar a validade de atestados médicos

- controlar idas ao banheiro

- criticar a vida pessoal

- espalhar boatos e fofocas

Em 2000 a Dr. Margarida Barreto, publicou sua dissertação de Mestrado em Psicologia Social , alertando pela primeira vez sobre este tema, onde listou alguns sintomas de opressão no trabalho. Os dados são dados em porcentagem:

(Clique no gráfico para vê-lo em tamanho maior)



E o quais são atitudes que uma pessoa que foi ou é vítima destas agressões deve tomar? Deve-se anotar com detalhes todas as humilhações sofridas contando com o apoio de testemunhas, algum colega de trabalho que estava junto na hora do ocorrido, entrar em contato com médicos e advogados do seu sindicato, procurar outras estâncias como a Justiça do Trabalho, Comissão de direitos humanos e o Conselho Regional de Medicina. Sentir-se bem onde passamos a maior parte do dia é fundamental para levar uma vida digna.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Profissões curiosas

Engenharia Florestal

Você pode pensar que a Engenharia Florestal é uma profissão nova. Já que a mobilização pró-verde está virando tendência entre empresas e a população mais engajada, após evidências dos prejuízos causados pelo aquecimento global no século XXI. Mas, em 1825, em Tharandt – Alemanha, a primeira escola a profissionalizar especialistas em ciência florestal iniciou suas atividades. Então, podemos perceber que a preocupação com a natureza nasceu muito antes da revolução industrial, um dos principais adventos que provocaram a bolha de poluição e destruição de nosso “pequeno” e “frágil” planeta.

No Brasil, a engenharia florestal foi muito importante para tentar recuperar os estragos feitos na Ditadura Militar que quis “desbravar” as partes verdes intocadas de nosso país. Com o lema “Integrar para não Entregar”, foi construída a Transamazônica, obra faraônica que cortou o norte brasileiro. A corrida pela busca de fontes alternativas de energia, após o embargo árabe de importação de petróleo ao ocidente, fez com que o governo concedesse diversos incentivos fiscais para empresas de reflorestamento, pois a exploração do carvão vegetal, lenha e álcool metílico se tornou essencial para a economia nacional. Ocorre que muitas das empresas cumpriram seu papel trazendo árvores exóticas que empobreciam o solo fértil deste país. Nasce aí o planejamento...a engenharia florestal brasileira que estudou a melhor forma de reflorestar o que ainda podia ser salvo.

O engenheiro florestal tem como atividade estudar os recursos florestais e elaborar projetos de reflorestamento. Ele busca harmonizar o projeto ambiental com a produção econômica, através de estudo das sementes, visando o melhoramento genético das espécies vegetais e suas condições de adaptação ao meio ambiente.

O curso superior possui duração de 5 anos e o aluno irá ter as seguintes disciplinas:
Ecologia, Biologia, Tecnologia Florestal, Matemática, Estatística, Física, Química, Botânica, Zoologia, Processamento de Dados, Solos, Topografia e Climatologia.

Para mais informações, visite o site da Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais.

Fé na economia




As manchetes de alguns dos grandes jornais do país, no último fim de semana, mostram que os efeitos da crise econômica devem ser observados com maior atenção pelos brasileiros, ao menos devido à grande diminuição dos postos de trabalho. Afinal, os impactos começam a ser sentidos onde mais dói, o bolso.

Na Folha temos “Taxa de desemprego sobe para 9% em março”, no Estadão “Jovens foram os mais afetados pelo desemprego em março”, e no O Globo “Taxa de desemprego chega a 17,36% na Espanha”, e em todos o destaque é o desemprego.

Então, levanto aqui três possiblidades de efetiva mudança com relação a essas notícias para quem está empregado. 1 – Manchetes como essas fazem com que as pessoas “valorizem” mais seus empregos, por isso ganham tamanho destaque. 2 – Ao lê-las, muitos repensarão se seus “incômodos trabalhistas” devem ser levados mais à sério que a situação econômica do país (e do mundo). 3 - A crise nos impede à busca por mudanças? Assim, percebo que para muitos, estar empregado, mais do que nunca, adquiriu um status elevado, o importante não é “realizar-se”, mas sim “fixar-se” em alguma ocupação, o que contradiz muito do que foi “pregado” nesse blog até aqui. Talvez esse seja um dos efeitos possitivos da crise, rever nossa percepção dos fatos.

É interessante observar nos dados levantados através das manchetes citadas acima, que o salário médio de quem está empregado aumentou em relação ao mesmo período do ano passado. Mesmo o número de empregados no ano teve considerável aumento, mas o desemprego começa a aparecer mais forte, o que derruba os índices positivos, ao menos em propagação na grande mídia. Outras pontos importantes das pesquisas são os idicadores que apontam os menos escolarizados como os que mais sofrem com o desemprego, que afeta mais o setor da indústria. E para não ficar apenas no nosso quintal, miramos no do vizinho: a Espanha também sofre com a diminuição dos postos de trabalho, a maior registrada nos últimos 32 anos.

Repito aqui os dados encontrados nas notícias indicadas até para percebê-los melhor, já que nunca fui muito próximo das notas de economia, um grave erro. E o reflexo desse distanciamento, em geral, é o caos. Quem não entende de economia, e tão pouco lê materias em jornais ou revistas sobre o assunto, quando muito se detem apenas às “chamadas”, sensibilizando-se a partir delas, e interpretando-as como bem puder, o que interfere diretamente nas atitudes adotadas para lidar com o problema.

A intenção desse post é apenas fazer refletir sobre os impactos da crise nas nossas vidas, não a curto, mas a longo prazo. Lembrando que qualquer um pode ser atingido, em momentos de crise ou não, e isso não deve causar medo ou insegurança, mas passar por essa fase incólume é negar-se a chance de crescimento.

Se você for dos que não se animam muito em se aprofundar nesse setor, não espere os mistérios da fé operarem em você, venha por um possível (e até mesmo pseudo) amor à economia, não espere ser "atacado" e acabar vindo pela dor.

Para quem se empolga mais através de apelos visuais, além dos textuais, fica aqui a indicação do espaço especial no Estadão on line, cheinho de gráficos, tabelas e afins. Nade nos números, mas não se deixe afogar por eles.



Cartuns de Caco Galhardo

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O Grito

Para quem tem a idéia de que ser um Investidor Profissional é pura moleza, como acontece nos filmes, é só pedir demissão do emprego e passar o dia inteiro em casa de chinelo e bermudas, gastando algumas horinhas à frente do computador e ganhando rios de dinheiro, fiquem sabendo: Não é bem por ai.

Até que de ouvir falar, parece uma profissão bem interessante, não é mesmo?
Bom, apenas é preciso ter um computar ligado à Internet, cadastro em uma corretora de valores credenciada pela Bovespa, e algum dinheiro para aplicação inicial, pode-se começar com 100 reais.

O investidor profissional precisa ser uma pessoa extremamente organizada, e que ao mesmo tempo haja com prudência e saiba arriscar. Além, é claro, de dedicação aos negócios, pois não é apenas com a sorte que o aplicador deve contar, e sim com as estatísticas. Por exemplo, no domingo à noite, já é preciso obter informações de como as bolsas asiáticas iniciaram o dia, também é necessário analisar o balanço das empresas em que se pretende investir.

Estudar, estudar muito, essa é a pedida para quem se interessou pelo assunto, não é preciso nem sair de casa, pela Internet é possível obter todas as informações necessárias, existem alguns sites que explicam os passos iniciais para essa empreitada, o mais seguro e conhecido é o da Bovespa
, lá você poderá conhecer o conceito fundamental do mercado de ações, as ferramentas para aplicação e acompanhamento, palestras virtuais gratuitas, plantão de dúvidas, e conhecer quais são as corretoras mais confiáveis e o perfil de cada uma.

Claro que a idéia citada no inicio do texto sobre largar seu emprego para se dedicar a esta carreira é um tanto quanto arrojada demais (como diriam os investidores)! Nós do Blog Incômodo Profissional, não queremos que ninguém saia por ai tomando decisões precipitadas, portanto, a dica é, comece a investir com pequenos valores, procure uma corretora que se adapte a seu estilo e necessidade.

Você também tem a opção de começar brincando de investir, neste site:
www.investshop.com.br, que é de uma correta muito conhecida, existe um simulador, para treinar, antes de colocar a prova seu dinheiro, quem sabe você não descobre um grande talento e realiza o sonho de milhares de profissionais frustrados: mandar o chefe ir plantar batatas, passar no RH e dizer em alto e bom som: Eu me demito!

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Onde cantam os grilos

Imaginava que pessoas mais jovens (nascidas e criadas em São Paulo), em geral, jamais optariam por “deixar” toda a movimentação cultural e social da cidade, por uma vida pacata no interior. Cheguei a discutir isso com amigos que me alertaram do contrário, é cada vez mais comum o êxodo urbano, e não apenas por aposentados em busca de tranqüilidade. A metrópole está saturando as pessoas.

Boa parte desse desconforto em relação à vida na cidade grande, vem de problemas tipicamente urbanos como trânsito intenso, as grandes distâncias entre trabalho-casa, a poluição do ar e sonora, e o alto custo de vida, que vai contra a pouca qualidade oferecida.

Mas mesmo com os argumentos apresentados, ainda mantive minha idéia de que os problemas não superam a quantidade de ‘escapes’ que a cidade possui. Cinemas (cada vez mais salas, inclusive IMAX!), teatros (dos comerciais aos mais undergrounds), parques, shows (exclusivos, gratuitos, e em quantidades cada vez maiores), baladas (para todas as tribos), eventos culturais (Virada, Mostra, Parada), restaurantes, etc.

Mas como considero que pensamentos imutáveis são uma forma grave de ignorância, resolvi tentar entender o que passa na cabeça de quem optou por essa “troca de ares” e nessa busca encontrei Carol Paz e Alexandre Nix.

Novos Caminhos

Nix tem 31 anos, é formado em Publicidade, trabalha como Redator, Gerente de projetos web e Consultor de marketing e mídias sociais. Carol, sua esposa, tem 33 anos, é formada em Sociologia e Engenharia, e atua como Empresária e Artista Plástica.

Ambos deixaram a vida agitada do centro de São Paulo, pela qualidade e simplicidade da vida em Campos do Jordão (183 km da capital). Mas eles não consideram a mudança algo “radical”, como muitos podem pensar. “Amo São Paulo, mas não via sentido em viver num apartamento pequeno. O que me incomodava e me incomoda muito é o trânsito e o barulho. Também não é nada legal a poluição e a ameaça de insegurança”, conta Carol.

E o objetivo dos dois é ir ainda mais longe. Nix conta que eles querem comprar um sítio, com bom acesso à cidade, mas seguramente afastado. “Desde criança conheci várias pessoas que haviam deixado a vida na cidade grande e viviam no campo, muito felizes. A idéia sempre me pareceu ótima, mas seria impossível para mim, começar do zero e abandonar de um dia para o outro toda minha experiência de trabalho em uma área que só existe na urbe. Quando soube que finalmente havia internet à rádio na Serra da Mantiqueira, decidi que agora seria possível. Namorei a idéia e comecei a pensar que primeiro precisava trabalhar de casa. Aí, fiz a proposta para a Carol, que aceitou de imediato. Acho que nem teria feito a proposta se ela não fosse ela. Se fosse outra pessoa provavelmente eu responderia essa entrevista sozinho hoje”.

Outro ponto relevante numa decisão como essa é a questão financeira. De onde tirar o sustento nesse novo ambiente, já que provavelmente não haverá tantas oportunidades no interior quanto na capital? E aí está outro grande diferencial do casal. Eles trabalham em sistema Home Office (trabalho em casa, e, nesse caso, prioritariamente pela internet).

“Há equívocos em achar que é preciso estar preso a um contexto, a um território, em tempos de internet e, cada vez mais efetiva, possibilidade de trabalho remoto. Acho que muita gente é acomodada e tem medo da mudança. Se não precisa bater ponto não há porque viver em uma condição incômoda”, sentencia Carol.


“Há quem pense que nos isolamos do mundo.
Isso é uma tremenda bobagem”

Provando que Sartre estava certo e o inferno realmente são os outros, Nix conta que mesmo com bases sólidas e mudança apenas de ambiente (não em qualidade do seu trabalho), os empregadores ainda mantêm desconfianças. “Em teoria não muda nada, mas na prática ainda é preciso convencê-los disso. Por isso Campos do Jordão pareceu uma boa idéia para um período de adaptação, até nos mudarmos definitivamente para um sítio. Estamos a menos de três horas da cidade de São Paulo e, por lá, tem gente que perde esse tempo no trânsito voltando para casa”.

Embora a mudança tenha sido planejada e bem estruturada antes de ser concretizada, o processo em si não foi dos mais fáceis. “A primeira semana foi um inferno! 98% por causa da falta de internet (nosso meio de vida - nossos trabalhos dependem do acesso 24/7). Os demais 2% foram os impactos de ter tudo encaixotado, bagunça e sujeira da casa, etc. Na semana seguinte já começamos a viver bem e, digo por mim, felizes”, deleita-se Carol.
Para Nix, o atraso brasileiro na resolução de problemas é outro fator complicador. “Ao contrário do norte-americano, o brasileiro não tem a mesma cultura de se mudar de cidades (não com a mesma freqüência média) e muitos dos serviços não levam em consideração quem acabou de mudar. Impossível, por exemplo, ter um celular local porque as operadoras de telefonia exigem, como comprovante de residência, uma cópia de uma conta qualquer no meu nome. Como fazer isso, se acabamos de chegar? E os serviços que exigem um telefone fixo? Tem coisa mais 1997?”.


Vida Nova

Ateliê/escritório de Carol

Pra quem se empolgou com essa história e sentiu aquela vontade de “largar tudo!”, ou ao menos “viajar mais”, finalizo com relatos dos dois sobre sua atual rotina e dicas para quem quiser se arriscar:

Carol - Minha rotina é acordar, tomar café, ir ao ateliê e trabalhar. Final do dia, fecho o ateliê e relaxo em casa. Isso, TODO O DIA! Aí vem uma dica importante para quem pensa em trabalhar home office: é preciso disciplina! Essa rotina para mim é deliciosa. Eu gosto do que faço, do meu dia-a-dia e do espaço de trabalho que tenho hoje. Estando conectada, está tudo lindo!

Nix - Acordar, verificar se meu computador ainda está ligado, tomar café, lavar a louça, ver e-mails, ligar para o fulano que vai trabalhar na cerca, ligar para o encanador, ligar para a serralheria, incomodar até três pessoas no MSN até a hora do almoço. De tarde não tenho rotina. Como meus trabalhos variam, varia meu tempo na frente do micro. Geralmente fico direto na frente do computador, mas volta e meia saio para consertar algo na casa, pregar um hack na parede, expulsar vespas do telhado, maritacas do forro... O importante é não ficar parado.


Para quem quer conhecer ainda mais os dois, Carol e Nix mantêm um blog chamado, adequadamente, Êxodo Urbano, lá eles contaram um pouco do processo para a mudança.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Coração de Detetive - Final

Física, Direito e Psicologia

Três ciências que ele diz utilizar bastante em seu trabalho são a Física, o Direito e a Psicologia. “Com a física eu aprendi a medir as distâncias de focalização do objeto, pra saber onde eu seria visto ou não. Da psicologia eu aprendi pouco, mas o pouco eu uso, sei que demonstrar confiança é um fator fundamental para conquistar clientes, assim como ser atencioso e simpático. Outra coisa importante é nunca demonstrar emoções ruins na frente do cliente, muitas vezes tinha que dar notícias de traição conjugal, ver a pessoa se acabar de chorar e não me abalar com isso, tinha que agir naturalmente, ou então ela sairia dali e se mataria. Já o Direito, que eu cursei até o quarto ano, foi essencial para me manter fora da cadeia. Conhecer onde começa e onde termina o direito do outro garante uma maior qualidade do meu trabalho”.

Ir, vir e permanecer em vias públicas. Esses são os direitos básicos de qualquer cidadão e é justamente disso que ele se utiliza para captar flagras, conhecer a rotina de seus suspeitos e descobrir quais os mistérios que qualquer pessoa possa esconder. “Os únicos cuidados que eu tenho que tomar enquanto estou seguindo alguém são que essa pessoa não me veja, para que não se sinta constrangida com a minha presença, pois isso incorreria em um crime. E eu também não posso montar campana no meio da rua, por correr o risco de ser autuado por perturbação pública”, explica.

Seguir, investigar, espiar e delatar podem parecer ações pouco corretas (e o número de processos que ele já recebeu parece afirmar isso), mas Ricardo tem boas justificativas para o que faz, “Sou chamado para investigar um empregado de uma empresa que está afastado por incapacidade para o trabalho, e que continua recebendo, e descubro que ele está bem, trabalhando em uma obra, carregando peças pesadas e tal, isso é a prova de que ele está causando mal aquela empresa, que é o maior bem que um país tem, gera renda, movimenta o capital. Prejudicar essa empresa é prejudicar o país”.

Mas Ricardo não é necessariamente um defensor dos direitos do Estado, mesmo negando, é visível que seu coração sempre o guiou e ainda o guia. Em casos conjugais a regra segue a mesma, “não julgo quem está certo ou errado, mas minha função é descobrir o que está acontecendo. Um caso que não esqueço é de uma mulher que queria saber com quem o marido a estava traindo, eu descobri que era com a filha deles, foi uma coisa muito forte, vi os dois na praia juntos, se beijando. Difícil não se envolver psicologicamente e não julgar”.

Já no fim da conversa Ricardo apoia os cotovelos na mesa, mantém o olhar fixo e sentencia, “todas as pessoas tem o direito de saber a verdade, não me importo o que pensam sobre a minha profissão, o importante é o alívio que a verdade traz, nada paga isso”. Aliás, a filha de sua primeira cliente, não estava envolvida com nada ilegal, para alívio dos dois, detetive e mãe, ela estava apenas sussurrando juras de amor.

Antes de ir embora pedimos água e licença para ir ao banheiro. Ele traz o copo e indica a porta, mas no banheiro não há luz, “queimou a lâmpada hoje”, ele afirma. Impregnados pelo ar de desconfiança acreditamos que o banheiro não tem luz a algum tempo e o copo é devolvido quase cheio. “Será que ele não mentiu nessa história toda?”. Talvez, mas em todo caso, está gravada.

Novidades

Pensando em melhorar a qualidade do nosso blog, desenvolvemos uma nova enquete, a pergunta é: "O que você gostaria de ver no blog?". Selecionamos algumas respostas e agora queremos saber a sua opinião. Se nenhuma das alternativas lhe apetecer comente aqui neste post que avaliaremos as possibilidades de mudança.

Ah, outra novidade com relação ao blog é a moderação de comentários. Não esperávamos que fosse necessário optar por isso, visto que esse é um espaço jornalístico aberto ao pensamento e a discussão inteligente.

Lembrando que críticas serão prontamente liberadas, apenas ofensas e despropósitos serão descartados.

Participe. Obrigado.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Profissões curiosas

E hoje temos mais uma dica de profissão curiosa, só para mostrar que existem outras opções além de administração, publicidade, direito e jornalismo.

Musicoterapia:

Sabemos que a música é algo muito prazeroso para o ser humano. Ela pode ter o poder calmante ou de euforia - de acordo com a escolha feita pelo ouvinte. E também pode ter o poder medicinal para quem tem dificuldade emocional ou de expressão. E é neste contexto que o musicoterapeuta atuará, reabilitando pessoas com problemas psicológicos, mentais e físicos. Neste tratamento o paciente poderá cantar, tocar, dançar e até compor peças teatrais como parte do desenvolvimento das atividades.

As especializações disponíveis são: Musicoterapia Clínica, Musicoterapia Educacional, Musicoterapia Social.


O profissional poderá trabalhar em Clínicas Geriátricas, Clínicas Pediátricas, Hospitais no tratamento de deficientes mentais, pessoas com distúrbios emocionais ou neurológicos. E deverá ter boa relação com o público, muita disposição em ajudar o próximo e criatividade.

A profissão de musicoterapeuta não está regulamentada pelo governo. Mais informações sobre o veto ao projeto e sobre Musicoterapia no portal.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Coração de Detetive - Parte II

Confie desconfiando

“Tesão!”. Essa é a definição que ele usa para justificar sua longa trajetória como detetive particular. Ricardo trabalhava como projetista quando recebeu o convite de um amigo para fazer um curso gratuito de Detetive. Achou a proposta interessante, mas resolveu não fazer o curso naquele momento, não se lembra por quê. Tempos depois, viu um anúncio no jornal da mesma escola de detetives que o amigo tinha lhe indicado, cujo dono era “um tal” Carlos Lacerda. “Na hora eu pensei: Nossa, esse é o nome do meu pai, mas seria muita coincidência se fosse ele”.

Era. Ele pede licença para acender um cigarro e avisa que não é um assunto que gosta muito de tratar, desvia o olhar pela primeira vez, em rápidos instantes, depois prossegue dizendo que perdeu o contato com o pai quando tinha apenas quatro anos. Então, nunca mais se falaram ou se viram. “Eu sabia o nome dele, e só. Depois, descobri que tinha primos e tios detetives, e que vinha de uma família de detetives”, revela, já apontando outro caminho na conversa. “Mas cada um tem uma vertente de trabalho e seu estilo próprio”.

Talvez, por experiência dele ou inexperiência nossa, Ricardo parece dominar a entrevista, e guia o destino da conversa com facilidade. Entra e sai dos assuntos como e quando se sente a vontade, e demonstra ser assim também em seu ofício. “Você tem que saber com quem está lidando, não dá pra confiar em Jornalista. Vocês mesmos, não sei exatamente o que vocês vão publicar, como isso vai ficar no final, mas também não estou preocupado, estou me divertindo”.

Desconfiança é um elemento presente na vida de Ricardo, “exceto em relação à vida pessoal”, garante. Com o tempo ele tornou seu olhar apurado, revela que enxerga muito mais que outras pessoas, mas que em alguns momentos relaxa e passa por desatento, “Fui casado por sete anos e nunca investiguei minha esposa, mas no trabalho é diferente, eu desconfio de todo mundo, até que me provem o contrário. Não sei se vocês são Jornalistas mesmo, vocês podem ser espiões que vieram ver como eu trabalho!”.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Coração de Detetive - Parte I

Está é a primeira parte do Perfil escrito por Renata Gere e Tico Dias.
A próxima parte será postada na próxima segunda.

>>>

Minha vida é um filme... Policial

“Minha filha entrou na faculdade agora e só vive no telefone cochichando. To desconfiada que ela está metida com drogas. Eu queria saber o que ela tanto conversa”. “A senhora pode grampear o telefone”. “Como?”. “Eu tenho esse aparelho, leva, junta alguns fiozinhos e pronto, grava tudo”. “E quanto é?”. “A senhora pode levar emprestado e me traz de volta em uma semana. Se não voltar, a senhora vai pro inferno, hein!”

Ricardo Ferreira, 40 anos, é detetive há 17 anos, mas ainda mantém o mesmo brilho nos seus intensos olhos azuis, ao contar seu primeiro caso na profissão, quando uma empregada doméstica veio lhe consultar sobre possíveis problemas da filha.
Constantemente ri de si mesmo. Ao relembrar o difícil começo, quando mesmo atolado em “compromissos”, como prefere chamar suas dívidas, deixava se envolver emocionalmente com os casos e agia mais com o coração que com a razão. Emprestou o gravador e recebeu como “pagamento”, bolinhos de chuva.

“Mas Deus estava vendo minha boa ação e um tempo depois eu recebi minha primeira ligação importante, que não teria acontecido não fosse esse meu gesto com aquela senhora”, reflete. O chefe de sua primeira cliente era um grande empresário, que acabara de receber a missão de trazer uma reconhecida empresa japonesa para o Brasil e, para tanto, precisava “vigiar” os seus vendedores de todas as formas, inclusive grampeando seus telefones.

O empresário requisitou seu serviço e encomendou 500 aparelhos, iguais aos que havia emprestado anteriormente. Acontece que o aparelho era importado, uma tecnologia que ainda faltava no Brasil, mas que Ricardo conseguia através de contatos no exterior. “O cara me perguntou quanto tempo eu levaria para consegui-los, eu disse: 15 dias! E ele retrucou: se forem em 15 dias mesmo, diga 30, é mais garantido e se você entregar antes, mostra o quanto você é eficaz. Aí eu fechei: 40 dias, então!”.

Ricardo se considera um eterno aprendiz e diz que não houve um cliente que não tenha deixado alguma lição importante a ser guardada. Mesmo o fechamento desse primeiro grande negócio serviu para mostrar o valor do dinheiro, ou melhor, da falta dele. “Depois dos aparelhos eu pude pagar o Manoel da padaria, a quem eu devia por semestre (porque dever por mês é seguir uma mentalidade pobre), acertei com a minha secretaria e paguei o aluguel atrasado. Comprei também um carro, que vivia cheio de mulher, enfim, foi uma época boa”, diverte-se.

Ele foi matéria de capa do Jornal do Comércio, que destacou o fato de ser dono de uma empresa de Detetives aos 24 anos, tempos depois foi também pauta de reportagem do Estadão, mostrando as incríveis tecnologias utilizadas em espionagens. Todo esse envolvimento com a mídia trouxe grande retorno financeiro, que não foi mantido, mas sim “bem gasto”, segundo Ricardo. “Eu aproveitei bem, cheguei a comprar até um Audi e colocar a placa ESP0007. Me dava muita moral, os clientes viam que eu tinha e oferecia sucesso, então confiavam e pagavam o preço que eu quisesse”.Hoje, em seu novo escritório-casa, no bairro da Água Branca, pouco ainda resta das extravagâncias do passado. Mas contrariando a idéia de frustração ou qualquer nuvem de arrependimento que possa pairar sobre sua cabeça, Ricardo diz que está hoje exatamente onde deveria. “Tudo na vida é aprendizado. Eu saí de casa cedo. Fui morar sozinho, que foi o primeiro dos grandes desafios: abrir mão do conforto de ter mãe e avó sempre do lado, fazendo tudo por mim, até hoje sinto falta. Mas se não guardei nada, se não tenho grandes bens, ao menos ficou o aprendizado, isso eu não perco”.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Profissões curiosas


Metereologia:

Enquanto trabalha, você vê pela janela dias lindos passarem e se sente preso dentro de uma sala. Isso te deixa angustiado. E você só pensa numa tarde na piscina ou na praia. Que vontade de ficar sem fazer nada, olhando as marolas do mar. E você tem a brilhante ideia: “Quando chegar o final-de-semana: vou para o litoral!”. E quando chega a sexta-feira você já espera pela previsão do tempo dos próximos dias.

- E chega uma frente fria vinda da Argentina para acabar com o fim-de-semana...

É...o carrasco da folga ensolarada é o metereologista. Mas ele não serve apenas para te deprimir, frustrando viagens, mas também prevê catástrofes climáticas causadas pelo aquecimento global. Atualmente esse profissional se tornou um grande mensageiro da mãe Natureza, pois ele nos avisa todos os dias que o ritmo da vida humana na Terra já está prejudicando o ciclo natural. Por isso, temos fenômenos como El Nino e El Nina. E ele também é um grande parceiro dos agricultores que podem se apoiar nas previsões para decidir qual será o melhor plantio no período.

Se você possui interesse em trabalhar com previsão do tempo precisará ter ótimo conhecimento de matemática e física, além de ter intimidade com computadores. E poderá se especializar nas áreas seguintes: Agrometeorologia, Climatologia, Hidrometeorologia, Sensoriamento Remoto, Meteorologia Ambiental e Radiometeorologia.

Esta profissão é tão séria que virou até instituto governamental --> acesse INMET

sábado, 4 de abril de 2009

A Culpa é das Estatísticas

Finalizada a primeira enquete desse blog, comentarei os resultados.

Perguntamos se nossos leitores estavam satisfeitos com seus empregos. 23 pessoas responderam a enquete no período de 15 dias, o que dá a média de 1,53 votos por dia.

Vamos ao gráfico.

43% responderam que NÃO estão satisfeitos, seguidos de 35% que dizem SIM, estou satisfeito. Já os que ODEIAM seus empregos, 13%, superam os que AMAM o que fazem, representando apenas 9% dos votantes.

Esse é o reflexo da realidade brasileira? O número de votantes é insuficiente para ser levado a sério? Não podemos confiar nos números? (Visto que uma mesma pessoa podia votar de computadores diferentes, pois não era necessária identificação alguma para votar). Os próprios colaboradores do blog votaram na enquete?

Não tenho todas as respostas para as perguntas acima. Mas não é esse o objetivo aqui. O que queremos na verdade é expor a dúvida, propor a reflexão, mesmo que momentânea. Como dizem, de grão em grão...

Mas tenho que confessar uma coisa, eu votei na enquete. O que não invalida o resultado de forma alguma, fui absolutamente sincero na hora de escolher a alternativa. Como sei que o foram os outros 22 votantes.

E, por mais que esse número pareça pequeno, se pensarmos que ao menos uma dessas pessoas que votaram no NÃO, no ODEIO ou mesmo no SIM (mostrando que também não estão completamente satisfeitas, já que existia a opção Sim, muito), tiverem o ímpeto de tentar mudar essa situação, já valeu a pena ter criado esse espaço.

Para finalizar, exponho o pensamento de Max Gehringer para a Revista Época, em dezembro de 2008, sobre a frase, “Estou de saco cheio do meu emprego”:
De modo geral, o que gera esse tipo de insatisfação é a falta de perspectiva – aquela incômoda sensação de que amanhã será igual a ontem. Isso ocorre quando a pessoa pensa em um emprego, em vez de pensar em uma carreira. Um emprego é sempre uma relação de curto prazo, porque pode terminar a qualquer momento. Uma carreira é feita de decisões pessoais, sem a participação da empresa, que visam ao total esvaziamento do saco no longo prazo. Sugestão: estude, aperfeiçoe-se, participe de seminários, conheça profissionais que poderão auxiliar na construção de seu futuro. Se você pensar apenas em trocar de emprego, sua situação continuará a mesma.

Adiciono ainda outra sugestão: Não deixe de ler este blog!

Pois como diria o Chaves, “A culpa (pelo atropelamento do Seu Madruga) não é dele. A culpa é das estatísticas”.


Obrigado.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Idéias ou tendências?

Conversamos com o assistente de RH (recursos humanos), Diogo Pinheiro, 24 anos, que nos deu mais clareza sobre alguns fatos. Diogo é formado em Tecnologia em RH, cursa Psicologia, e é responsável por diversas áreas, incluindo recrutamento e seleção.

Analisando o mercado de trabalho hoje, percebendo certas mudanças profissionais, ou seja muitas pessoas abrem mão de um salário alto para manter um padrão de qualidade de vida, englobando mais saúde, tempo livre, menos estresse. E essa é apenas uma das novas tendências do mercado;


O que isso significa?
Essa mudança é visível. As pessoas, hoje, preocupam-se mais com a qualidade de vida.
Há tempos atrás as pessoas "viviam para trabalhar", hoje estão optando por "trabalhar para viver. Existe vida fora da empresa, o ser humano precisa desse tempo livre para desfrutar com a família, com os amigos, para descansar. Isso beneficia a saúde física e mental do trabalhador, e os resultados refletirão no seu desempenho dentro da empresa.
Muitos utilizam esse tempo livre para estudar, para se aprimorar na profissão que exercem e isso também traz benefícios para ambas as partes.
Por isso, no momento de uma contratação, tanto empregado como empregador devem deixar claras suas necessidades. A empresa deve informar corretamente a jornada de trabalho ao candidato e o mesmo informar quanto tempo livre necessitará, se estuda após o expediente ou aos finais de semana. Dessa forma não cria-se uma falsa expectativa de um para com o outro
.

Sobre o conceito de contratação introduzido nas empresas nos últimos anos, ele nos explica quais os requisitos para uma boa contratação.

Existem inúmeros quesitos que devem ser levados em conta no momento de uma contratação, mas no caso de cargos de alto nível como gerencia ou diretoria, acredito que o principal é conseguir identificar se o perfil do profissional esta totalmente de acordo com a política da organização. No ato da entrevista, devemos tirar o maior numero de informações do candidato que pleiteia a essa vaga, e tentar identificar de que maneira esse profissional irá implantar métodos, normas e ações que venham a agregar, caso contrario, podemos colocar toda uma estrutura de um setor ou da empresa em risco com a contratação de um profissional inadequado.

A respeito de contratações de jovens, que pretendem seguir carreira, ou estão a procura de estagio, qual o olhar da empresa frente a essas contratações especificas?
Acredito que o profissional jovem de hoje precisa ter foco. Sabemos que é difícil decidir quando jovens qual carreira seguir.Sofremos influências da família, dos amigos, da mídia. Porém quando essa atitude é tomada tardiamente, o jovem não se especializa e acaba “ficando para trás” no mercado.


Aquele profissional que conhece “um pouco tudo” geralmente é substituído por aquele que conhece tudo e se especializa e algo.
É claro que uma visão generalista é essencial a um profissional hoje em dia, porém com foco e especialização em uma profissão, fica muito mais fácil ser escolhido em um processo seletivo.

Se um funcionário que lhe procurasse para dizer que está abandonando o emprego garantido, para viver o sonho se sua vida, porem sem garantias de sucesso futuro, colocando essa situação no cenário de crise atual.
Pessoas têm sonhos e anseios diferentes. E aí é que está o segredo!O que parece bom para uns, pode não ser bons para outros. Conheço pessoas que não conseguiriam, por dinheiro nenhum ficar sentado por 8 ou 9 horas atrás de uma mesa frente a um computador, outros porém não se vêem fazendo outra coisa.


O ser humano deve procurar o que é melhor para si mesmo. Aquele que tem um sonho deve tentar buscá-lo. Não há dinheiro no mundo que pague essa realização.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O prazer e a maldição de passar em um concurso público

Na época de entrar na faculdade, todos nós, estudantes, somos cheios de sonhos. Claro, escolhemos com todo cuidado o nosso curso, sempre esperando pelo melhor, começar a estudar e arrumar um emprego na área, vivenciar teoria e a prática, harmoniosamente. Bom seria, se fosse sempre assim, mas acontece que algumas vezes o sonho começa a virar pesadelo, as mensalidades vão vencendo, os semestres vão passando e nada do tão sonhado ‘estágio bem remunerado’. Então, começamos a pensar naquela que seria a opção mais lógica: prestar concurso público, afinal de contas o nível superior já te dá pontos a mais.

A maioria das pessoas tem a idéia de que ser funcionário público é a oitava maravilha; E pode até ser, dependendo do que nós esperamos da nossa vida profissional. Citemos algumas vantagens de se trabalhar para o governo:
- Estabilidade, você não pode ser mandado embora, a menos que pise feio na bola;
- O salário inicial geralmente é maior do que na iniciativa privada;
- Não se faz tantas horas extras como em empresas privadas;
- A maioria dos empregos oferece benefícios (e daí vem uma lista: difícil acesso, dedicação exclusiva, anuênio, auxilio família, auxilio aluguel, faltas abonadas, e muitos outros);
- O valor da aposentadoria é calculado pela média dos últimos salários, o que garante uma vida confortável fora da ativa.
- E, normalmente, trabalha-se ‘apenas’ de segunda à sexta-feira.

Conseguir uma vaga nesses concursos tem seus méritos, e sem dúvida é uma satisfação muito grande, para quem conseguiu, e para a toda a família. Que mãe não enche a boca ao dizer: “Meu filho é concursado, está com a vida feita!”. Será?!

Acontece que para quem está na faculdade, cursando algo que geralmente não tem a ver com o concurso para qual foi aprovado, começa um grande dilema, pois, com o passar do tempo bate aquele desanimo em continuar a estudar, porque não se aplica o que se aprende.

Depois de alguns anos trabalhando em um emprego público, passamos a nos sentir meio que escravos daquela ocupação, aliás, da garantia de salário no fim do mês, nesses tempos de crise seria muito arriscado trocar o certo pelo duvidoso, chega uma hora em que pensar em mudar de emprego não é nem opção, ficamos impotentes e começamos a encarar a faculdade apenas como um meio de conseguir o diploma.

Para quem quiser tentar conciliar concurso + estágio na área de estudo, a FUNDAP (Fundação para o Desenvolvimento Administrativo) abre todos os anos concursos de estágio para universitários em diversos cursos. As inscrições para o início desse ano já terminaram, mas é bom estar sempre de olho.

terça-feira, 31 de março de 2009

Profissões Curiosas

Quando procuramos um curso superior é comum vasculharmos os guias de profissões e nos depararmos com profissões que não conhecemos. E logo descartamos uma possibilidade de trabalho, por falta de informação sobre a atuação daquele especialista. Um desses cursos é a Biblioteconomia. Mas que raio é isso?

Biblioteconomia:

O bibliotecário não trabalha apenas na biblioteca, mas em qualquer acervo, como: acervo de livros, CDs, discos, mapas, filmes, fotografias e documentação em geral. Ele é responsável por catalogar, classificar, atualizar e conservar o material. Além de informar e orientar o usuário do local.

Quem quer seguir esta profissão deve ser metódico e ter boa memória visual. Além de paciência com trabalho burocrático.

A graduação em Biblioteconomia é realizada em 4 anos. Algumas matérias da grade curricular são: Bibliografia e Referência, Catalogação e Classificação, Documentação Paleografia, História da Arte, História da Literatura, História dos Livros e das Bibliotecas, Introdução aos Estudos Históricos e Científicos e Organização e Administração de Bibliotecas.

O profissional da área poderá atuar em bibliotecas públicas e privadas, centros de documentação, escolas públicas e particulares, instituições de pesquisa, bancos e empresas de comunicação.

Saiba mais sobre a profissão aqui.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Distâncias


Quando criança, travado por sua timidez, só conseguia soltar-se em momentos solitários, cantava. Mesmo sozinho, algo lhe prendia a garganta e ao cantar, chorava.
Pensava que o que acontecia na TV não era real. Imaginava que artistas e celebridades não existissem de verdade, e, se existissem, nunca se aproximaria deles. “Algumas distâncias são intransponíveis”, acreditava. Tudo mudou.

Hoje, após ter visto ao menos duas dezenas de artistas face to face, já não acredita nas mesmas coisas. Mas ainda se surpreende ao perceber que é capaz de produzir arte e de assemelhar-se à seus mitos e ídolos (entenda-se arte, como ofício, ocupação, carreira).

Sayd Ocit é Cantor, mas já foi Office Boy e Publicitário, sua área de formação. Ele encontrou na forte religiosidade de sua família, essencialmente árabe, e na tesura a que sempre fora submetido, grandes bloqueios ao seu “momento de expansão”, como define.

“Considero fundamental essa barreira familiar aos meus planos de seguir uma carreira artística. Muitas vezes é na proibição que encontramos a força e a impulsão necessárias para ir atrás de nossos objetivos”, explica o músico de 35 anos (que no fim do ano completa 15 anos de profissão).

Depois de trabalhar por mais de três anos (dos 18 aos 21) para seu pai como office boy, Sayd resolveu ir atrás de seu grande sonho e se tornou... Past Up (espécie de montador, profissão já extinta)!?. “Foi um passo muito importante, pois trabalhar com meu pai me dava a estabilidade que eu não queria, porque ainda era uma relação de dependência, de obediência. Eu queria me afirmar como pessoa, ter méritos nas minhas conquistas”, explica. Estudar canto e conhecer as “possibilidades do mundo musical”, foram as primeiras conseqüências dessa nova vida, quando arriscou-se a descobrir do que era capaz.

E descobriu que podia ultrapassar sua emoção e mexer com a dos outros. “A primeira vez que me apresentei em público, senti como se não fosse real. Parecia que não estava acontecendo, eu mal podia enxergar os rostos na platéia”, relembra. Mas então, passado o êxtase inicial do revelar de um sonho, Sayd pode enxergar na platéia rostos bastante conhecidos. Seus pais assistiam (na terceira fila) sua estréia como cantor. “Estranhamente, vê-los ali me trouxe uma tranqüilidade incrível. Consegui brincar com o público, desafinei muito pouco e me diverti bastante, o que é muito difícil para um primeiro show”.

Ao final da apresentação recebeu um grande abraço (forte como nunca) do pai e graves elogios de sua mãe (normalmente mais contida). Depois, observando o cartaz do show, feito por ele, na porta da casa de espetáculos, pode confirmar ainda mais suas idéias, “não havia nada a mudar no meu caminho, foi ele que me transformou no que eu sou hoje”, completa. Carregando os equipamentos de som depois do show, sorriu satisfeito, nada mais o incomodava.