quarta-feira, 10 de junho de 2009

Operária

(Guga Melgar - Divulgação)

Com ingressos esgotados para toda a temporada antes mesmo da estréia, a atriz Fernanda Montenegro, 79 apresenta à São Paulo Simone de Beauvoir no espetáculo “Viver Sem Tempos Mortos”. (direção: Felipe Hirsch, Sesc Consolação até 28/06).

A atriz que comemora 60 anos de carreira incorpora a filósofa e escritora parisiense, ícone do feminismo e parceira de outro célebre filósofo, o existencialista Jean – Paul Sartre.

Com uma camisa social branca e uma calça preta, a atriz senta-se numa cadeira igualmente preta, e permanece lá durante toda a apresentação sob um persistente foco de luz, e assim, reascende o debate em torno do movimento feminista e a condição da mulher hoje.

À imprensa paulistana quando questionada sobre as mulheres no poder Fernanda Montenegro declarou: “É interessante não quando a mulher vem para o poder no velho esquema, de substituir o homem no seu temperamento de agir. A gente está esperando que as mulheres que chegarem ao poder tenham pelo menos o sentimento do feminino à frente de qualquer outra coisa, e não que sejam imitações acentuadas, mais contundentes do homem.”

Para comemorar os 60 anos daquela que é considerada a maior obra de Simone de Beauvoir e referência capital do feminismo a editora Nova Fronteira prepara a reedição de “O Segundo Sexo” (tradução de Sérgio Milliet, R$ 109,90, 936 págs.).

Muito se fala hoje em pós-feminismo, em conquistas femininas consolidadas, espaços sociais e profissionais ganhos. A questão é, não fosse a obra monumental de Beauvoir que influenciou toda uma geração e repensou por completo a condição feminina hoje não se falaria me em super executivas, ministras, mulheres na presidência.

Para quem procura compreender a super mulher atual, fica aqui o exemplo de Fernanda Montenegro que encara um monólogo de 60 minutos aos 79 anos com vitalidade de uma jovem de 20, e o pensamento atualíssimo daquela que viveu plenamente o sentido da palavra feminino.

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